Enxergue a negritude!

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Entre teorias biologizantes, a naturalização do preconceito, os discursos que buscam romantizar as violências sofridas pela população negra e os atuais protestos justos, dignos e necessários que ocorrem mundo afora em busca do combate ao sistema de opressão histórica que pessoas negras estão envolvidas, sinto-me obrigado a retomar nesse tema.
Ocupo-me das palavras de Djamila Ribeiro em seu livro “Pequeno Manual Antirracista”, aproveitando para indicar sua leitura. “Devemos aprender com a história do feminismo negro, que nos ensina a importância de nomear as opressões, já que não podemos combater o que não tem nome. Dessa forma, reconhecer o racismo é a melhor forma de combatê-lo. Não tenha medo das palavras “branco”, “negro”, “racismo”, “racista”. Dizer que determinada atitude foi racista é apenas uma forma de caracterizá-la e definir seu sentido e suas implicações. A palavra não pode ser um tabu, pois o racismo está em nós e nas pessoas que amamos e, mais grave, é não reconhecer e não combater a opressão”.
A escravidão não foi mero transporte de indivíduos a serviço de outras terras e povos! Foi a negação de histórias, o impedimento de direitos, a subordinação e sistemática reprodução social da baixa autoestima, entre outros tantos horrores que nos dias de hoje ainda sobram heranças. Não descrevo tendo no sangue o sentimento do ocorrido, não descrevo relembrando vivências pelas quais são frescas em minha mente, pois reconheço que ser branco não é condenação; nunca sofri preconceitos pela minha pele! Entretanto, se negro fosse, certamente não poderia fazer as afirmações anteriores. Negros devem se descobrir como tal! Negras devem se descobrir como tal! Todavia, negros são acusados pelo que são! Todavia, negras são acusadas pelo que são!
Bastará quando na visão dos privilegiados, observarmos com naturalidade: negros estudados, negros em cargos de liderança, negros afortunados economicamente… pois quaisquer outras condições não podem lhe surpreender, como muito menos crer na incapacidade de sê-lo.
Acha que basta dizer que não é racista? Não! Acha que basta dizer que possui amigos negros e por isso não se considera racista? Também, não!
Atente-se! Enquanto alguns lutam contra o tédio do isolamento social, outros tantos lutam por sobrevivência e, por sair às ruas e ser negro (a), é a simples condição do risco.
Portanto, caso ainda alguém acredite de que não há racismo estrutural no Brasil, o preconceito não é o único problema a ser combatido na mentalidade desse indivíduo!
Participe da solução! Envolva-se! Incomoda? Então não se acomode!

 

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