Dra. Adriana Forseto, coordenadora de Ensino em Oftalmologia do Hospital Oftalmológico de Sorocaba e Diretora Médica do Banco de Olhos de Sorocaba.

Observando os números sobre a captação de córneas no BOS (Banco de Olhos de Sorocaba), é nítida uma queda drástica logo após o início da pandemia, quando houve uma proibição pelos órgãos de saúde de realizar as doações (a não ser em casos de emergência). Ao mesmo tempo, houve também um grande salto no aumento desses procedimentos nos últimos meses, a partir do momento em que ficou claro que era possível, e seguro, retomar.

Esse crescimento não é uniforme. Enquanto o BOS passou de 6 doações de córnea em agosto de 2020 para 78 em setembro e 431 em outubro, o mesmo não ocorre em outras instituições e cidades, onde as captações passaram de poucas para pouquíssimas.

O que explica uma performance tão positiva do BOS e sem nenhum caso de contaminação entre os profissionais de saúde?

“O BOS conseguiu normalizar, com muita rapidez, as doações no estado ao sensibilizar sociedade e poder público sobre o assunto; além de, é claro, serem tomados todos os cuidados de proteção sanitária que ajudaram a proteger, tanto profissionais de saúde, quanto os pacientes”, afirma Edil Vidal de Souza, superintendente do BOS.

Mudanças de protocolos médicos observados internacionalmente e aplicados no BOS também contribuíram para a mudança positiva de cenário. “Com maior conhecimento sobre o Coronavírus, sua interação com os tecidos oculares e o possível baixo potencial de transmissão advindo do transplante de córnea, além de protocolos adotados em outros bancos de olhos fora do Brasil que mantiveram suas captações, mesmo no auge da pandemia, foi possível demonstrar aos órgãos regulatórios que poderíamos retomar nossas atividades, dentro de um rigoroso processo de segurança e qualidade. Além disso, o impacto negativo da redução das captações e a comoção gerada com divulgação pela mídia de vários pacientes que aguardavam na fila de espera acabaram por sensibilizar a população e motivar a doação após sua liberação”, afirma Dra. Adriana Forseto, coordenadora de Ensino em Oftalmologia do Hospital Oftalmológico de Sorocaba e Diretora Médica do Banco de Olhos de Sorocaba.

Enquanto aguardava pela retomada, o BOS se preparou de forma a reforçar, ainda mais, todos os seus protocolos, com o objetivo de preservar a segurança de todos, potenciais receptores dos tecidos, médicos e colaboradores.

Para a especialista, é relevante continuar chamando a atenção da opinião pública sobre o assunto, uma vez que as doações dependem muito da sensibilidade da população sobre o tema. “É preciso manter o assunto sempre em pauta. Não podemos deixar cair no esquecimento”, alerta Dra. Adriana. Atento a essa realidade, o BOS lançou a campanha “Doe seus olhos. Dê cor à vida.”, convidando toda a população a aderir à causa.

Além disso, o BOS não ficou passivo aguardando as doações. Iniciou um diálogo com o poder público, no sentido de conseguir as liberações. E, para isso, criou protocolos específicos, não apenas para o banco de olhos, mas também para as equipes transplantadoras, buscando a segurança de todos: profissionais de saúde e pacientes.

“Nosso manual de boas práticas foi desenhado visando à promoção de um ambiente saudável, por meio da prevenção contra a disseminação e o contágio viral dos colaboradores, da qualidade do tecido ocular captado e da segurança do paciente receptor. Passamos a excluir, dentre os potenciais doadores, aqueles com triagem clínica e/ou laboratorial sugestiva de COVID-19”, descreve Dra. Adriana.

O resultado de todos esses esforços tem sido a retomada dos procedimentos de captação de córnea e transplante, de forma segura para todas as pessoas envolvidas. Se for mantido o novo ritmo de captações, no período de seis a 12 meses, é esperado que o tempo de espera para o transplante de córnea retorne ao patamar que era observado antes da pandemia.

“Cirurgias eletivas (aquelas que precisam ser marcadas) foram suspensas num primeiro momento. O BOS demonstrou que não precisa mais ser assim. E, também, que cirurgias oftalmológicas não precisam ser feitas em hospital geral. Portanto, é possível manter o distanciamento necessário e as cautelas em relação à COVID-19, sem deixar de atender o paciente oftalmológico”, conclui Edil Vidal.

Pessoas interessadas em demonstrar seu desejo em se tornar um doador de córnea podem fazer o Cartão de Doador, pelo site: www.bos.org.br ou pelo telefone: 0800 770 3311. O cartão não estabelece a obrigação de doar, mas tem a função de informar sobre essa vontade aos familiares, conscientizando-os sobre o assunto.

Acompanhe os números de doações e transplantes realizados pelo BOS em 2020, além de um comparativo com outras unidades de captação.

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