47% dos Municípios paulistas fecham o primeiro semestre com as contas no vermelho

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O cenário fiscal em todo o país é de alerta para a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Com aumento de despesas e diminuição de receitas, gestores locais, das cinco Regiões do Brasil, relatam dificuldades para fechar as contas. A nível nacional, 51% das prefeituras brasileiras estão no vermelho. Em São Paulo, 260 Municípios de 555 que enviaram dados ao Siconfi encerraram o primeiro semestre de 2023 com déficit, o que representa 47%. Em 2022, no mesmo período, eram 31 (6% dos respondentes). Confira aqui o estudo completo.


Isso significa que o percentual de comprometimento da receita está alto. Em São Paulo, a cada R$ 100 arrecadados nos pequenos Municípios, R$ 90 foram destinados a pagamento de pessoal e custeio da máquina pública. “Estamos em diálogo com as autoridades em Brasília e já alertamos. Muitos não veem o que está acontecendo na ponta, mas o problema é grave. Isso é também resultado de despesas criadas no Congresso e pelo governo federal sem previsão de receitas, como os pisos nacionais, caindo toda a demanda no colo dos Municípios”, avalia o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.


Entre as despesas que oneram os cofres das prefeituras paulistas estão, por exemplo, recomposições salariais de servidores municipais, o impacto de reajuste do piso do magistério, que, se concedido como foi imposto pela União, soma R$ 2,6 bilhões, e o atraso no pagamento de emendas parlamentares. A redução em emendas de custeio – do primeiro semestre de 2022 para o mesmo período de 2023 – é de quase 68%, passando de R$ 1,1 bilhão para R$ 343,7 milhões. No total de emendas, a queda foi de R$ 1,3 bilhão para R$ 579,7 milhões para o Estado. A cota-parte do ICMS, afetada pela LC 194/2022, recuou 6,3%.


Enquanto as despesas de custeio tiveram aumento de 25,1%, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) apresenta mais decêndios menores do que o mesmo período de 2022. No primeiro decêndio de julho, por exemplo, houve uma queda brusca de 34,49% no repasse. Em agosto, a queda foi de 23,56%, explicada por uma redução na arrecadação de Imposto de Renda e um lote maior de restituição por parte da Receita Federal.

Além disso, os gestores de São Paulo enfrentam o represamento de 405,5 milhões de procedimentos ambulatoriais e 1 milhão de procedimentos hospitalares durante a pandemia, sendo necessários R$ 5,2 bilhões para equacionar a demanda; 200 programas federais com defasagens que chegam a 100%; 187 obras paradas e abandonadas por falta de recursos da União; e obras concluídas com mais de R$ 845,6 milhões em recursos próprios sem repasse do governo federal.

Confira aqui o manifesto assinado pelo presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.


Propostas

Para reverter a sobrecarga de serviços que recai sobre os Entes locais sem a correta alocação de recursos, a CNM atua por medidas que possam distribuir de forma mais efetiva as receitas do país. Uma delas é o aumento de 1,5% no FPM de março, que tramita na PEC 25/2022, e, se aprovada, representará R$ 1,5 bilhão. Há ainda a redução da alíquota patronal do INSS para 8% em Municípios de até 156 mil habitantes (PL 334/2023), a recomposição do ICMS (PLP 94/2023), com R$ 933,9 milhões aos cofres municipais, e o fim do voto de qualidade do Carf (PL 2384/2023), com potencial de injetar R$ 4,3 bilhões no FPM, entre outros.

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