Professor de Sorocaba transforma dificuldade de viver com TOC em livro

Livro ‘É Tique ou TOC?’ foi lançado neste mês, contando a história de Éric Barioni, desde a descoberta da doença até os aprendizados a partir dela

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O convívio com transtornos psicológicos ou mentais é sempre um desafio. As adversidades surgem em diversas situações da vida, seja por meio de uma expectativa frustrada, ou então diante de um desafio que parece não ter solução. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem mais de 18,6 milhões de brasileiros sofrendo com ansiedade e mais de 11,5 milhões em depressão, o que coloca o Brasil como o país com mais pessoas com a qualidade de vida comprometida no mundo.  Ainda conforme a OMS, o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) atinge cerca de 5% da população do mundo. No Brasil, em torno de 4,5 milhões de pessoas sofrem deste transtorno.Em torno de 30% dos que têm se recusam a passar pelo tratamento.

Mas sempre existem casos de pessoas que conseguem superar estes desafios, servindo como inspiração para que outros consigam enxergar uma luz no fim do túnel. O professor universitário, doutor em Biomedicina e perito em toxicologia, Éric Barioni, convive há 20 anos com o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), doença que tem como principal característica a presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões. Como forma de tentar mostrar às pessoas como superar os desafios da doença, e também compartilhar os seus conhecimentos adquiridos durante toda a sua vivência, Barioni lançou, neste mês, na Universidade de Sorocaba (Uniso), o livro “É Tique ou TOC?”, pela editora Ases da Literatura.

Os primeiros sintomas da doença começaram a partir da adolescência, quando Barioni sofreu alguns abusos sexuais, que lhe trouxeram pensamentos intrusivos ligados à sexualidade. “Ao longo da minha infância, na escola e em casa, não fui exposto a ambientes educativos sobre sexualidade. Então, depois de sofrer abusos de pessoas que aparentemente eram do bem, isso moldou uma sexualidade muito fragilizada e começaram a surgir comportamentos inadequados e pensamentos intrusivos relacionados à sexualidade, por falta de orientação. Foi quando minha doença se instalou e se tornou uma das bases de sustentação do TOC que desenvolvi”, declara o professor. 

As dificuldades continuaram até a sua vida profissional, quando o TOC começou a gerar auto sabotagem. Porém, Barioni conseguiu orientação para pedir ajuda médica e psicológica e hoje faz tratamento com medicamentos específicos para o transtorno e também para ansiedade. “Ainda hoje eu tenho o TOC, mas não é como foi antes, pois hoje tenho mais clareza para tratar desses assuntos. Sou muito seguro sobre os meus conhecimentos da doença e consegui com que ela se moldasse, para que não fosse tão aparente para as pessoas como foi na fase da minha adolescência”, declara. 

Conhecimento compartilhado

Depois de tanto pesquisar sobre o TOC, para conseguir esclarecer as dificuldades com que vive, Éric Barioni decidiu compartilhar todos os seus conhecimentos em um livro, para levar mais clareza a quem sofre do transtorno e também para ajudar as famílias que convivem com pessoas com o TOC. A publicação parte de um relato sobre a sua história, levantando ainda questões sobre como diferenciar o TOC de outros transtornos, como os tiques e as manias, para que mais pessoas saibam como procurar ajuda. 

“Existe muita confusão quando se fala sobre tique e TOC. As pessoas chamam de TOC muitas vezes alguns tiques, gestos e manias. E na verdade não é TOC, de fato. É ainda um assunto pouco explorado, que as pessoas não conhecem. Por isso, usei meu papel como educador para transmitir essa experiência de vida, mostrando para as pessoas que convivem com a doença que isso não é um impeditivo de conquistar tudo o que quisermos, driblando as dificuldades”, destaca Barioni, que atua também como coordenador do curso de Biomedicina da Universidade de Sorocaba (Uniso). 

O livro busca, ainda, mostrar como o TOC sabotou a vida profissional do educador, além de ter o levado a diversas terapias para compreender a sua sexualidade e não deixar que a doença o sabote mais. “Por isso busquei falar sobre a importância da educação sexual nas escolas e dentro das famílias, algo que é ainda considerado como tabu na sociedade”, ressalta. 

O livro pode ser adquirido pela Amazon, neste link

Serviço

Livro: É Tique ou TOC?

Editora: Ases da Literatura

Autor: Éric Barioni

Vendas: Amazon

Fonte: 

https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/W?sequence=1
https://www.nimh.nih.gov/health/statistics/obsessive-compulsive-disorder-ocd
http://www.dsc.ufcg.edu.br/~pet/jornal/outubro2010/materias/saude.html

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