Pandemia cria nova tendência em layouts de empresas

Obrigatoriedade de distanciamento social deu origem a uma nova configuração de escritório que prioriza atividades remotas e espaços híbridos e minimalistas que podem ser utilizados por áreas distintas da empresa, tendência intitulada de ‘hot desking’

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A população mundial teve de se adaptar e reinventar a rotina de trabalho e lazer diante de uma das maiores pandemias de sua história recente, a Covid-19 – novo coronavírus. Junto da obrigatoriedade de distanciamento social, veio a necessidade de mudanças e adaptações em ambientes domésticos e corporativos. O vírus também alterou a maneira de as pessoas se relacionarem – mais do que nunca, elas estão menos próximas fisicamente e mais conectadas umas às outras por meio de plataformas digitais. E no dia a dia das empresas isto não está sendo diferente.

A necessidade de distanciamento social obrigou as organizações a se reinventarem tanto em seus espaços físicos quanto na modalidade de trabalho. Quando se trata especificamente de layout de ambientes, a pandemia deu origem a uma nova configuração em escritórios e salas corporativas: estações de trabalho e colaboradores mais isolados, criação de cabines de call e espaços voltados exclusivamente a reuniões online – as organizações tiveram de apostar em atividades remotas e modalidade home office.

De acordo com a arquiteta Julia Cossermelli, do escritório Galpão – Arquitetura e Interiores, de Sorocaba (SP), especializado em projetos corporativos, com a pandemia surgiu uma nova tendência em layouts de empresas que, a partir de agora, norteará os futuros projetos. “As organizações mudaram a forma de trabalhar e de se relacionar com seus colaboradores, parceiros e clientes. Naturalmente, os espaços físicos também mudaram, acompanhando essa necessidade urgente de distanciamento entre as pessoas”, diz.

Julia explica que as empresas deverão focar em trabalho remoto e menor concentração de colaboradores em um mesmo local, mesmo porque, com a necessidade de home office, identificou-se que muitos profissionais podem realizar suas atividades fora do ambiente corporativo sem que haja prejuízo à empresa. “A tendência é que, a partir de agora, layouts de escritórios apresentem disposições mais espaçadas, com maior distanciamento de mesas e profissionais e criação de espaços exclusivos para realização de call e reuniões online”, afirma Julia.

Sistema de trabalho ‘hot desking’

Novas configurações de empresas possibilitarão afastamento maior entre as pessoas – esta será uma das “heranças” deixadas por esta pandemia. Divisão de turnos, escalas de trabalho, setores que entram mais cedo ou saem mais tarde, entre outras soluções que visam reduzir a aglomeração de pessoas, farão com que os espaços sejam melhor utilizados. Ou seja, uma mesma quantidade de profissionais, distribuídos de maneira planejada no expediente, otimizará os ambientes corporativos. A tendência é o surgimento de espaços híbridos que possam ser utilizados por várias áreas distintas: cada funcionário usa seu notebook, senta na mesa que está vaga e, quando terminar, recolhe seus pertences e libera a mesa para outro. É o chamado hot desking, sistema de organização de escritórios em que funcionários usam uma única estação ou superfície de trabalho em diferentes períodos. Este é o futuro das organizações.

Cabines de call

São espaços pequenos nos quais, normalmente, cabem uma (1) pessoa e são voltados a ligações telefônicas e videoconferências. Cabines de call são muito usadas fora do Brasil por grandes empresas com um pouco mais de aporte tecnológico. A cabine possui isolamento acústico, evitando que um profissional atrapalhe a reunião do outro. Estas cabines podem ter uma versão um pouco maior, para 2 ou 3 pessoas, para ser usada também em pequenas reuniões e como sala de feedback, entre outras atribuições.

Cabines individuais podem ter em média 1,15m x 1m, uma bancada e uma cadeira pequena ou banqueta e porta com abertura para fora. Já cabines para 3 pessoas precisam ser um pouco maior, em média medem 2m x 2m, com uma mesa redonda pequena e 3 banquinhos. Caso a escolha seja por cadeiras, as cabines precisam ter no mínimo 2,20m x 2,20m – neste modelo a abertura também fica para fora para não haver perda de espaço.

A escolha por fornecedores de qualidade é fundamental para a eficácia das cabines de call, pois a acústica delas exige uma intervenção altamente profissional e materiais de alto padrão. As cabines podem ser feitas com paredes de drywall, mas com preenchimento no meio delas de manta de lã de rocha ou lã de vidro – a melhor para isolamento acústico é a lã de vidro. As cabines também podem ser feitas com alvenaria convencional – tijolo, concreto, reboco, pintura -, que proporcionam vedação ainda melhor.

Mudança de layout

As empresas estão entendendo melhor a necessidade de distanciar mesas e funcionários. Com o passar dos anos, o tamanho e quantidade de mesas diminuíram para dar espaço a mais funcionários; porém, a tendência agora é haver um movimento contrário: mais espaços e menos pessoas, sobretudo porque, com a necessidade de home office, as empresas entenderam que muitos funcionários conseguem trabalhar remotamente.

“Em uma empresa na qual desenvolvo projeto, por exemplo, há exigência de distanciamento de 1,50 cm entre cada colaborador. Para chegar a tal configuração, posicionaram o pessoal de maneira intercalada, mesa sim, mesa não, perdendo, assim, 50% do espaço. Porém, com o novo layout proposto, deixamos as mesas maiores e conseguimos perder somente 25% do espaço, de modo que caibam mais funcionários no andar e conseguindo melhor aproveitamento do prédio como um todo”, conta a arquiteta Julia Cossermelli.

Segundo Julia, as empresas terão cada vez mais espaços híbridos e minimalistas. “A tendência é que os profissionais não tenham mais mesas fixas, com porta-retratos e demais pertences como de costume – eles terão 1 mala, 1 notebook e alguma mesa livre para sentar e trabalhar, apenas isso. Até porque a tendência é que, no pós-pandemia, a modalidade de trabalho home office seja mais adotada pelas empresas”, diz.

Espaços para reuniões online

Tradicionalmente as empresas têm grandes salas de reunião para aglomerar seus colaboradores, ou seja, o layout convencional oferece poucos espaços para muitas pessoas. Porém, a tendência pós-pandemia é uma proposta de disposição inversa: espaços menores, para 2 ou 3 pessoas trabalharem em reuniões online, traduzindo em pequenas salas de reunião. “As equipes entenderam que muitas reuniões que são realizadas presencialmente podem ser resolvidas com um call, evitando trânsito, deslocamentos, desperdício de tempo e despesas extras”, diz Julia.

Sobre a arquiteta

Julia Cossermelli é graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), pós-graduada em Projeto de Interiores Comercial e está inserida no mercado há 10 anos. Seu escritório, o Galpão – Arquitetura e Interiores, de Sorocaba (SP), especializado em projetos corporativos, atua em todo o Estado de São Paulo desenvolvendo e aprimorando ambientes empresariais, de qualquer segmento ou porte – de soluções complexas a simples intervenções como uma dica de ambientação, por exemplo. A equipe de profissionais da Galpão – Arquitetura e Interiores está constantemente empenhada em oferecer as melhores soluções e ideias inovadoras para seu espaço de trabalho. Mais informações podem ser obtidas no site https://www.galpaodesign.com.br/.

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