Milhões de pessoas no mundo inteiro, quando estão com alguma dor forte que não passa por nada, procuram o médico do Pronto Socorro para se livrarem do pesadelo. Pena que a tarefa seja muito difícil pois, na imensa maioria das vezes, o especialista que atende foca principalmente na dor e não no que a está provocando. Raramente, o problema é fruto de um único motivo. O corpo humano é multidisciplinar, mas alguns insistem em tratá-lo de forma compartimentada, como se possível fosse.

É raro encontrar quem nunca tenha se automedicado, seja com analgésicos, anti-inflamatórios, massagens, géis e chás ‘milagrosos’, em vez de procurar ajuda profissional quando o corpo dá sinais de que algo está errado. O fato é que muitos brasileiros só procuram um médico quando a dor persiste. E são poucos os que buscam as chamadas terapias integrativas para encontrar a origem do problema.

Geralmente isso só acontece quando a melhora não aparece com o método convencional, como fisioterapias que não cessam, ou quando os exames não conseguem identificar a origem do problema.

A falta de conhecimento sobre terapias integrativas, como osteopatia, quiropraxia e acupuntura, é o maior entrave para solucionarmos algum desequilíbrio no organismo, manifestado grandemente através da dor.

O Ph.D. em neuroanatomia e fisioterapeuta, Mario Sabha, explica que muitas vezes a resposta para as dores não está no local onde o desconforto se manifesta. “Dos casos que atendo, apenas cerca de 15% das dores realmente apresentam a causa do problema na parte dolorida, outras 85% estão em outras regiões. Para se ter uma ideia, uma entorse no tornozelo pode gerar dor lombar ou dores nos ombros”, exemplifica.

Nosso organismo está todo interligado. “O nosso sistema nervoso, que compreende órgãos como o cérebro e a medula espinhal, é o gerenciador de todos os sistemas que compõem o nosso organismo. Ele se comunica com todos os outros. Por exemplo, quando começamos a correr, ele ‘informa’ o sistema circulatório que precisamos de mais oxigênio, daí o coração passar a bombear mais sangue”, pontua. O mesmo acontece quando há um desconforto em alguma parte do nosso corpo. “O sistema nervoso envia a sensação de dor em alguma região, afetando outros sistemas interligados para nos alertar de que a integridade do organismo está sendo afetada e uma atitude precisa ser tomada”, completa.

O Ph.D. explica que, por vezes, exames não identificam a origem do problema, pois é necessária uma análise completa e não apenas da região dolorida. “Nenhum sistema de nosso corpo trabalha sozinho, então não podemos avaliar as causas de uma dor visualizando somente uma região”, afirma. “Já atendi um médico especialista em gastroenterologia que estava com dores do início do pescoço até o meio das costas, e a causa do seu problema estava bem no esôfago e no estômago, que são órgãos interligados aos nervos desta região através da coluna vertebral”, cita.

Uma análise do corpo como um todo, incluindo a mente e as causas emocionais, permite identificar de forma mais rápida o desequilíbrio que se manifesta na forma de dor e incômodo. “Até mesmo os problemas emocionais podem prejudicar o nosso corpo, causando dores. Não basta enxergar o paciente como uma única parte. Se todo o corpo e os órgãos são integrados, precisamos de uma solução ou de algum método que considere tanto parte física como emocional, metabólica e energética”, diz o especialista.

Segundo Sabha, isso é fundamental porque, caso a dor física tenha origem emocional, por exemplo, a causa não vai aparecer nos seus exames. A melhor solução para as dores persistentes é buscar um tratamento que seja integral e trabalhe com diversas possibilidades através de uma metodologia específica que pode se utilizar de técnicas como manipulações específicas na coluna vertebral, acupuntura, quiropraxia e osteopatia até terapias metafísicas. “Precisamos enxergar todas as conexões e inter-relações que existem no nosso corpo, somente assim conseguiremos a intercomunicação adequada entre os sistemas para melhorar uma dor persistente, fazendo o corpo encontrar seu próprio equilíbrio. Desta forma, o paciente evita o excesso de medicação e tratamentos sem efeito. Antes de qualquer coisa, a busca de ajuda profissional especializada no tratamento sistêmico e integrado deve ser sempre a primeira opção”, finaliza.


Mario Sabha é fisioterapeuta e mestre em anatomia humana

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here