A realidade do trânsito brasileiro continua alarmante. Em 2024, mais de 227 mil pessoas foram internadas no SUS devido a acidentes de trânsito, o que equivale a uma internação a cada dois minutos. Os dados, divulgados pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) e pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abremed), reforçam a urgência de medidas para reduzir esses números.
Os motociclistas são os mais afetados, representando 60% das vítimas, seguidos por pedestres (16%), ocupantes de automóveis (7%) e ciclistas (7%).
Além do impacto humano, os custos dessas internações ultrapassaram R$ 3,8 bilhões—quantia suficiente para construir de 32 a 64 hospitais de médio porte, implantar até 35 mil quilômetros de ciclovias urbanas, duplicar cerca de 505 quilômetros de rodovias federais, adquirir mais de 15 mil ambulâncias básicas ou habilitar quase 13 mil novos leitos de UTI.
A campanha Maio Amarelo 2025, com o tema “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”, busca conscientizar a população sobre a importância da segurança no trânsito. No entanto, especialistas alertam que, além da prevenção, é essencial garantir suporte adequado às vítimas.
Segundo Lucio Almeida, presidente do Centro de Defesa das Vítimas de Trânsito (CDVT), muitas pessoas enfrentam meses de recuperação após um acidente, sem renda e com despesas médicas. “Precisamos de um mecanismo de amparo para essas vítimas”, destaca.
Enquanto países como Peru, Equador, Colômbia e Venezuela contam com o SOAT (Seguro Obrigatório de Acidentes de Trânsito), que cobre despesas médicas independentemente da culpa no acidente, o Brasil ainda não possui uma política pública semelhante.
“Seja motorista, passageiro ou pedestre, todos merecem um respaldo digno em caso de acidente. É urgente que esse tema seja tratado com a seriedade que merece”, conclui Lucio Almeida.
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